domingo, 31 de maio de 2015

Coisas que ando aprendendo

Devo falar pausadamente com quem fala pausadamente. Mas confesso que me dá certa agonia a pessoa não concluir logo o raciocínio ou falar o que quer falar. Pra quê enrolar tanto?

A resposta tarda mas chega. 

Sumir não vai resolver nenhum mal entendido. Ficar aparecendo o tempo todo também não.

Procurar resolver tudo pode piorar. Têm coisas que não estão necessariamente quebradas, mas sendo construídas. 

Às vezes o melhor a fazer é soltar e não esperar retorno. Muito menos ida eterna. Nesse meio tempo fico tentando entender o que sinto.

Lerigooou, lerigoooou!

Meio tempo existe. E é diferente de meio termo.

A vida sempre mostra que ela é quem manda. Quando eu estou sozinha e defino que quero estar sozinha, a vida coloca alguém no meu caminho. Quando então assumo que tudo bem, agora quero estar acompanhada, ela tira. Vida, vamos entrar em um acordo?

Saber esperar, na maioria das vezes e na maioria das situações, pode ser algo muito interessante e trazer bons resultados. Isso se tratando de coisas que não dependam somente de mim.

Se eu estou sendo paciente, começo a pensar que devo ser mais.


Enfim, o que é a vida se não uma constante busca por equilíbrio, né? Só não gosto de ficar em cima do muro. Talvez isso seja a próxima coisa que eu devo aprender. De lá de cima a visão deve ser melhor.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Por favor, não me aconselhe.

Esses dias eu estava no ônibus e um senhor que estava sentado na cadeira da frente não parava de tossir. Ao atender um telefonema, tinha voz de quem fuma há um bom tempo. Ele não parecia estar bem. De imediato, pensei: é, isso é o que o cigarro faz com as pessoas, fuma quem quer. Em seguida eu já me condenei: que coisa feia, você nem sabe se o cara fuma mesmo! O ponto é, e se fumar? As pessoas têm esse direito, não têm? 
E por eu ser uma pessoa que pensa demais, logo viajei nessa reflexão. O que é certo e o que é errado. Existe um ponto de vista totalmente correto? Uma vez eu ouvi dizer que errado é aquilo que nos faz mal. Mas tem tanta coisa que eu faço que não me faz somente bem. E creio que outras pessoas também. Por isso é perigoso comparar. Opinar então! O que é compensador pra mim pode não ser pra você. Isso me faz estar agindo errado? Ou você estar errado? A ideia de conselho parte justamente disso. O que na minha experiência deu certo poderia ser o melhor pra você. E a gente quase sempre se convence disso quando opina sobre a vida de alguém ou julga.
Um dia desses eu estava no salão de beleza e a mulher que estava ao meu lado começou a puxar assunto. Quando eu disse que era psicóloga ela logo extendeu o papo. As pessoas fazem isso sempre, parece que por ser minha profissão, existe uma plaquinha na minha testa: estou sempre disposta a te ouvir. Até porque ela não parecia querer saber mais nada de mim. Começou a falar que uma grande amiga estava "presa" a um casamento que ela considerava um fiasco. "Não havia mais nada entre eles" ela afirmava achando aquilo um absurdo. Até que um dia sua amiga resolveu pedir-lhe um conselho, pensou na possibilidade do divórcio e quis saber sua opinião. Ela respondeu que a amiga deveria pedir, porque aquele casamento não existia mais, porém haveria de enfrentar a solidão, abrir mão do luxo que o marido proporcionava, aprender a ser sozinha. A amiga decidiu continuar no casamento, assustada que ficou com essa ideia de solidão toda. A minha nova amiga ficou arrasada, segundo me relatou. Comentei "conselho é perigoso, não é?" Ela pareceu sentir dor com o que eu disse. Mas de fato é verdade. 
Imaginei um mundo onde não existissem conselhos, cada um toma suas decisões baseado no que lhe é importante e os outros saberiam lidar com isso. Seria possível? Isso significaria que o cara da minha frente poderia fumar até morrer e sua mãe, esposa - ou mesmo eu que me incomodei um pouco por achar que ele estaria sofrendo de tanto tossir; ninguém diria para ele não fazer. 
Obviamente que ninguém seria obrigado a acompanhá-lo nas consultas ao médico, já que ninguém seria responsável pela escolha dele. Acompanhariam apenas porque ele pode ser um cara legal e alguém o ama sem julgar errado sua escolha de morrer mais cedo. 
Eu aceito suas escolhas, e se eu me envolver na sua história a escolha é minha. Mas modificá-la por querer que você seja melhor pra mim, jamais. 
A amiga lá da moça do salão pesou suas alternativas e quis continuar no casamento. Este existe se eles ainda estão lá, não é mesmo? Se pra moça do salão não era interessante o casamento da amiga, que no seu casamento ela faça diferente. Se eu não gosto de refrigerante, eu não tomo. É porque faz mal? Nem é. Só não gosto. Quem toma gosta, o corpo é da pessoa, que a gastrite lhe seja leve. Eu tomo café feito uma doida, que a gastrite me seja leve também.
Sei lá, talvez eu esteja indo longe demais, mas ultimamente comecei a pensar que não existe nada totalmente certo ou errado no mundo. Tudo, absolutamente tudo, depende da situação. Não digo que a experiência de vida de uma pessoa não possa ajudar a decisão da outra, mas ela escolhe se aquilo pode ser conveniente ou não. Por mais que ela siga os passos da outra, tudo com ela será diferente, já que é outra pessoa. Esqueça os "10 passos para ser bem sucedido na carreira" ou "5 regras para o casamento dar certo". Para a primeira opção, corra atrás do melhor jeito que você achar que deve. Movimente-se. Para o casamento, se conheça, conheça o outro e organizem-se entre vocês. 
É clichê, mas clichê existe porque é válido: Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia. 
Ah, e psicólogo não dá conselho, tá? Vamos parar com isso. O que psicólogo faz é outra coisa, é te ajudar a encontrar seu próprio caminho, com ferramentas teóricas necessárias (o que foge do senso comum). Mas isso é papo pra outra conversa...

Siga seu coração!
Somos muito mais felizes quando aceitamos nossos próprios atos. A aprovação alheia é consequência. Sempre vai ter alguém que discorda mesmo. Com esse alguém eu posso não conviver, mas comigo terei de conviver até o fim.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Telefonei...

Pelo apelo da minha consciência. Telefonei para satisfazer o desejo. Telefonei para provar que poderia. Telefonei passando por cima de mim para ser mais forte que eu. Telefonei para ouvir a sua voz. Telefonei para dizer que lembrei de você - claro que não iria dizer que lembro o tempo todo. Telefonei porque enquanto fazia o jantar, queria bater papo. Telefonei porque pensei que você poderia me acompanhar nesse jantar. Telefonei porque depois do jantar eu iria ver um filme e talvez você optasse por assistir comigo. Telefonei porque talvez pudessemos só conversar por vinte minutos, meia hora, já que a conversa com você sempre rende. Telefonei porque você é o tipo de diversão que eu queria agora. Telefonei. E você não atendeu. Cinco toques, nenhum alô. Tuuum, tuuum, tuuum, tuuum, tuuum. Desliguei antes de ouvir aquela voz "o número que você ligou não atende no momento" ou cair na caixa postal. Guardei o telefone e terminei de preparar o jantar. Nada mudou.


domingo, 10 de maio de 2015

Constrangimentos bobos são os piores

A vida nos constrange de diversas maneiras. Diariamente, nos encontramos em alguma situação pouco ou nada agradável, que podem nos causar um sentimento de impotência também, ou até mesmo de raiva, sendo que na maioria das vezes são situações em que não nos restam alternativas, só podemos guardar dentro de nós mesmos para sempre. Calma, esse não é um texto tão profundo assim como essa introdução, não tenho interesse em fazer com que você reflita sobre os grandes sofrimentos da humanidade; Filósofos e outros pensadores já o fazem. Minha intenção aqui é comentar algumas das situações chatas que ocorrem no nosso dia-a-dia mesmo, ou pelo menos no meu e que percebo que ocorre com outras pessoas também. Então se você se identifica, “é nóis”!

1. “Parabéns pra você nessa data querida”!
Oh my! Existe situação mais constrangedora que várias pessoas cantando parabéns pra gente? Elas formam um círculo, prendem a gente dentro dele, todos nos focam, sorrindo psicopaticamente, batendo palmas freneticamente, querendo nos estimular e causar algum tipo de emoção que nós não encontramos dentro de nós, a não ser o constrangimento de ter que esperar a música acabar e todo mundo focar no bolo que é o que realmente importa. Isso é, quando há bolo. Maldade pior é cantar sem que haja um brigadeiro sequer.



2. O ônibus não parou.
Essa é triste! Causa raiva, sentimento de impotência e de pobreza. Por que eu não fiz medicina e já não tenho um carro no primeiro ano de formada? A pessoa aperta o passo, segura a bolsa, dá até uma corridinha e o danado sai. Todos na parada nos olham com pena e vergonha alheia. Resta apenas engolir o orgulho e esperar o próximo. Ainda é menos doloroso quando tem mais gente esperando, a decepção quando ele passa reto é coletiva e a gente não se sente mais tão só.

- Lá vem o ônibus!
Passou direto.


Só de escrever isso eu estou envergonhada aqui, acho que nem tenho mais o que falar sobre esse ponto. Já pensou um dia: vem o ônibus, a gente pede parada, ri, entra no carro e sai. CHUPA!

3. Me despedi e encontrei de novo.
Eu sempre quis saber o que as outras pessoas fazem nesse momento. Eu olho pro celular, pra dentro da bolsa, entro na primeira loja que aparecer (se for dentro de um shopping), mas a pessoa já viu. E quando tem aquela piadinha:
- Eita, tá me seguindo é?
- Claro, sempre te quis. Bjs



4. Menti o meu nome, alguém chegou e falou o verdadeiro logo em seguida.
Ai gente, quem nunca fingiu outro nome em algum lugar que atire a primeira pedra, né não? Isso me faz pensar porque ainda faço isso, já que a pessoa vai me pegar na mentira. Daí lá vou ter que me justificar sem encontrar nada plausível.

A pessoa olha pra amiga que chamou pelo nome:



Ela:



5. Estava assistindo um filme e na hora da cena caliente o pai chega.

Não era nada pornô, não era Game Of Thrones, nem Malhação. Era uma comédia que só naquela hora havia uma cena romântica. Porém, não existem palavras. Nada nunca justificará. A pessoa do filme poderia estar usando drogas, matando alguém, atropelando um cachorro, mas na maior pegação do mundo com outra é constrangedor demais! Beijar na frente do meu pai então? Jamais! Nem selinho. 



6. A sandália torou no meio da rua.
É triste você escolher uma sandália pra sair, confiar nela e ela torar quando você já pegou dois ônibus, desceu e está andando já perto do seu destino. Voltar pra casa não é uma alternativa bacana, só resta entrar no supermercado mais próximo e comprar um par de havaianas. Enquanto isso, ou você arrasta a sola da sandália até lá, ou vai com um pé calçado e outro no chão, ou vai descalço mesmo aproveitando a experiência. Essa ultima eu diria que uma atitude de uma pessoa bastante resiliente. Quando aconteceu comigo eu fui arrastando a sola da outra até o supermercado, sentindo muita raiva. Muita mesmo.

Não há nada a dizer. Palavras não vão mudar nada.


Enfim, claro que existem outras situações, mas que ocorrem menos (pelo menos pra mim). A vida é uma caixinha de situações constrangedoras. Mas um dia eu vou estar rindo de tudo isso em Paris.