quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Gente Grande

Queria uma resposta sobrenatural. A vontade não é motivo suficiente, não agora. Quando eu era criança, confortável demais no meu sofá, adormecia sem ir pra cama e, sem decidir nada, meu pai me levava nos braços. Hoje, se adormeço no sofá, fico no sofá. Não há ninguém pra tomar essa decisão por mim. Perdeu a graça poder perder a responsabilidade de vez em quando. 

O bom é quando é um privilégio. Como quando eu saía pra brincar com autorização e voltava machucada: tudo bem, foi concedido. Mas quando ia só por minha vontade, o machucado era maior, porque a culpa ganhava espaço. Não tinha direito de reclamar a dor, nem de pedir colo porque “eu sabia”.

Ser gente grande é pura e simplesmente isso, adormecer no sofá se quiser. Comer a sobremesa antes do almoço, se quiser. Não comer nas horas certas se assim bem entender. E não há mais um divertimento genuíno, como uma batalha conquistada por desobediência que causava um sentimento de medo e prazer ao mesmo tempo.

Às vezes, assumir-se responsável é um pé no saco.

MadMen

sábado, 17 de outubro de 2015

Todas as Duas

Constantemente, saio de quem penso que sou e me torno outra que parece nova. Estranho-me. O espelho não me responde, os amigos vêem pouco, os escritos se alteram. Posso então dizer mesmo que essa outra não sou eu? Se está em mim, é parte. Não posso externá-la. Não posso dominá-la, não posso negá-la. Essa outra, confusa, estranha, sem jeito comum, sou eu.
E ficamos lá, juntas na mesma casa, convivendo forçadamente, pois são duas pessoas diferentes em quase tudo. A casa fica mal humorada, silenciosa, melancólica, racional e apática. Quase inerte.
Até que uma sobrepõe a outra. Aquela que é mais aceita, me mostra que a segunda precisa de espaço porque ela, por vezes, cansa, e a outra mais dura consegue dar conta.
Aceito então todas as duas. "Todas as duas" porque separadas as vezes parecem mais.
No fim das contas, não sucumbe a casa só porque o teto muda. Por vezes, até melhora.


domingo, 11 de outubro de 2015

O método KonMari

Recentemente eu assisti esse vídeo que me causou certa curiosidade e empolgação sobre como arrumar as minhas coisas. Sempre gostei de me organizar (depois da adolescência, claro) mas sempre volto à bagunça ou mesmo não organizo tudo como gostaria, no meio do processo dá preguiça, enfim...

Até que Marie Kondo me ensinou a solução com uma pergunta simples "isto me trás alegria?"
Pronto, o suficiente pra me fazer reavaliar todos os meus pertences. Comecei a ler o livro e sim, fez sentido completamente tudo que ela vai trazendo no decorrer das páginas. As dicas, pra mim, são valiosíssimas porque aos poucos fui lendo e pondo em prática e minhas coisas foram entrando nos eixos de uma maneira tão especial que até da vontade de levar esse método pra tudo que eu for fazer na vida!

O livro se chama A Mágica da Arrumação e, em um breve resumo, a autora vai tratando de explicar o método de arrumação que ela foi aprendendo ao longo da sua vida e o porque de funcionar. Basicamente, ela pega todas as dicas que antes existiam e vai quebrando uma a uma, mostrando o porque de não funcionarem e a partir dessa desconstrução ela vai construindo o seu método. Que mulher brilhante! É sério, você já havia parado pra pensar nisso? Porque eu nunca. Um negócio simples, arrumar minhas coisas em casa de uma maneira que me traga alegria, não só por obrigação ou utilidade. Fantástica essa japonesa!

E você pode falar "ah, Malu, que viagem essa de autoajuda pra arrumação da casa... fala sério". Eu respondo: Estou falando seríssimo! Pra quem gosta de deixar tudo direitinho, com boas energias e leveza, isso se torna fundamental. Não há nada mais prazeroso, aos meus olhos, que ter tudo arrumadinho pra que eu possa chegar ao conforto do meu lar e ele esteja realmente confortável e feliz. 

Bom, pela ordem de arrumação que ela propõe, deve-se começar pelas roupas. Eu pensei "caramba! não vai sobrar nada (??)" e depois pensei "se não sobrar nada eu estou com sérios problemas". Deixei então de pensar e fui para a prática, direitinho como ela manda. Meu guarda-roupas, em menos de duas horas, ficou assim:
 duas horas, ficou assim:c
                            
                                                Blusas e Suéteres
Calças, Shorts, Saias e Vestidos
Pijamas
Roupas para exercícios físicos
E aqui, a maior surpresa: a pilha de roupas que foram descartadas!!


Um terço das minhas roupas que eu guardava só por não avaliar direito o que me era realmente necessário e que me trazia alegria. Algumas dessas peças são novas, inclusive. E aí vem a principal lição que aprendi: preciso ser honesta comigo mesma. Não adianta nada guardar o que não uso só pra não me desfazer. E, sinceramente, resolvi fazer isso em todos os âmbitos da minha vida.

"A vida começa de verdade depois que se põe a casa em ordem." (Marie Kondo)

Download do livro aqui.