quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Dois pássaros

Essa madrugada eu sonhei que eu criava dois pássaros, lindos, coloridos. Lembro que alguém me deu correntes para prendê-los, mas eu guardava as correntes porque eu sentia que não precisava.
Só que no outro dia os pássaros desapareceram, e eu ficava muito triste. Além disso, as correntes também haviam desaparecido, mesmo que eu não tivesse colocado neles.
Até que alguém aparecia dizendo que viu os pássaros na mão de um vizinho, e eu ia atrás deles, com fotos no celular para provar que eram meus.

A pessoa que detinha os pássaros havia prendido os bichinhos nas correntes como eu não havia feito. E eu lamentava e pedia para que eles considerassem me devolver, pra que eu não precisasse envolver outras pessoas nesse resgate, ou mesmo a polícia. 
Nesse tempo, brinquei um pouco com os pássaros e depois fui embora, na expectativa que o feitor do roubo tivesse o mínimo de consideração para comigo.

Acordei sem ter feito o resgate. Acordei na espera de poder recuperar as cores e os sons, sem precisar acorrenta-los para que outra pessoa não tome o que comigo estava. 
Há um desejo oculto nesse sonho: o desejo de respeito à escolha de, primeiro não precisar acorrentar os pássaros pois isso não significa que livres eles não podem estar comigo; e segundo que não são tempos fáceis para que possamos simplesmente criar sonhos coloridos, alguém facilmente nos rouba e os acorrenta.

Deixo espaço para outras interpretações. Acordei triste pela situação do nosso país, pelos inúmeros pássaros que vejo sendo roubados e assassinados a troco de intolerância e desrespeito.


Que um dia, todos possamos voar.

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