domingo, 19 de abril de 2015

O aparentemente final (Sentimentalidades)

Eu andei pensando aqui com meus pijamas sobre o que a gente deve fazer ou pensar quando termina um relacionamento, um fica, um affair, uma paquera com o vizinho, sei lá. Essas coisas que não são problemas do tipo falta de emprego, a fome na África, a crise da economia, a injustiça social, mas causam um desconforto existencial danado e, convenhamos, são um pé no saco. Porque não existem soluções práticas a serem tomadas, a não ser jogar o que quer que te lembre a pessoa fora. Mas não dá para a gente jogar aquela roupa que usou no primeiro encontro fora porque foi cara, ou jogar o sofá que a pessoa sentou por horas enquanto jogava conversa fora, não dá pra trocar de pele em todos os lugares que fomos tocados (essa parte foi profunda). A lavagem tem que ser mental mesmo, colocar os pingos nos is, expor o coração quebrantado, e dá vontade até de, como diz Leoni, “manter cada corte em carne viva, a dor em eterna exposição” até que acabe e lá estaremos atrás do próximo par de calças.
Eu não sei se pensar naquelas frases do tipo “essa pessoa não te merecia” ou “essa pessoa não sabe o que está perdendo” ajuda, porque às vezes o buraco é mais em baixo e quem chuta tem lá seus motivos pra não estar com a pessoa maravilhosa que é a que levou o pé na bunda. Então talvez o melhor que há a ser feito é aceitar, não buscar outras explicações além das que foram dadas porque nunca se sabe. Tudo pode ter sido mentira, tudo pode ter sido verdade. Eu sempre quero acreditar que tudo foi verdade, porque dá muita raiva imaginar que posso ter dedicado grande parte do meu tempo à incongruência.

É aquela história de Lisbela e o Prisioneiro:

LISBELA: É igualzinho no cinema... A mocinha está ansiosa esperando o mocinho, e finalmente eles se encontram, ele vem se aproximando, e ela acha que é pra dar um beijo, mas aí ela vê que o rosto dele está preocupado demais pra isso, ela é bestinha coitada, ainda tenta dizer que ama ele, mas o mocinho vai puxando o assunto pro outro lado que é sinal que já ensaiou alguma coisa pra dizer que não está ouvindo o que ela diz.
LELÉU: Lisbela...
LISBELA: Mas nem precisa dizer mais nada, que todo mundo já entendeu que a mocinha vai ser largada.
LELÉU: Lisbela, não é...
LISBELA: Ah é, e tem também essa parte. Ele vai dizendo que não é por querer, que ele é obrigado a cuidar da mãe doente, porque tem que partir pra guerra, ou algum motivo de força maior que deixa a gente com bem muita pena dele, que agora eu prefiro nem saber... Porque ou é mentira ou eu vou ficar gostando ainda mais de você.




Gente “mal-amada” existe aos bolos por aí, mas gente bem resolvida que encara suas questões e é congruente com o que sente é mais difícil de achar. E isso vai desde aceitar que o boy magia não estava tão afim de você até o fato de que ele não soube lidar com as próprias questões e não quer você no meio disso. 
No fim das contas, ama quem pode. Não se entrega por inteiro quem vive pela metade. E se nunca estaremos prontos por completo, resta a quem tem coragem se completar a cada dia com o que está sob seu poder. 


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