sábado, 17 de outubro de 2015

Todas as Duas

Constantemente, saio de quem penso que sou e me torno outra que parece nova. Estranho-me. O espelho não me responde, os amigos vêem pouco, os escritos se alteram. Posso então dizer mesmo que essa outra não sou eu? Se está em mim, é parte. Não posso externá-la. Não posso dominá-la, não posso negá-la. Essa outra, confusa, estranha, sem jeito comum, sou eu.
E ficamos lá, juntas na mesma casa, convivendo forçadamente, pois são duas pessoas diferentes em quase tudo. A casa fica mal humorada, silenciosa, melancólica, racional e apática. Quase inerte.
Até que uma sobrepõe a outra. Aquela que é mais aceita, me mostra que a segunda precisa de espaço porque ela, por vezes, cansa, e a outra mais dura consegue dar conta.
Aceito então todas as duas. "Todas as duas" porque separadas as vezes parecem mais.
No fim das contas, não sucumbe a casa só porque o teto muda. Por vezes, até melhora.


Nenhum comentário:

Postar um comentário